sexta-feira, 20 de abril de 2012

O plantel 2011-12 (i)

A época iniciou-se com um processo de selecção pouco comum, com muitos jogadores à disposição para a constituição do plantel. Tivemos também, durante grande parte da época um plantel alargado de 28 jogadores. Acabamos a época com 25, tendo utilizado um total de 30 jogadores (Mika e Rúben Pinto não chegaram a jogar ainda, mas ainda assim entram na contabilidade).

Começo por dizer que me parece boa a política de ter no plantel alguns jogadores jovens que, mesmo com poucas oportunidades para jogar, têm oportunidade de evoluir com os métodos de treino da equipa principal, com os jogadores e treinador da mesma. Da época passada o caso de Roderick. Nesta época os casos de Rúben Pinto, Luís Martins (ainda assim contabilizando alguns minutos) e Nélson Oliveira. Será também, parece-me, o caso de André Almeida. Com a equipa B a partir da próxima época, este modelo terá porventura hipóteses de ser melhor explorado, aliando à possibilidade de treino na equipa principal a possibilidade de utilização em competição pela equipa B.

A equipa B pode ser uma peça fundamental na formação e maturação de talentos para a equipa principal (aproveitamento desportivo) e posteriormente para transação para as principais equipas de campeonatos mais competitivos (aproveitamento financeiro). É fundamental que o Benfica se posicione como clube formador e fornecedor de grandes talentos para os principais clubes (top3) das principais ligas (top5).

Neste sentido, uma das grandes virtudes de Jorge Jesus é a capacidade para rentabilizar valores. Aconteceu com Di Maria. Com David Luiz. Ramires. Sálvio. Gaitán. Carlos Martins. Javi Garcia. Fábio Coentrão. Está a criar grande valor em Witsel, Matic, Rodrigo e Nélson Oliveira. É preciso ter o talento à disposição. Mas também é preciso ter o talento para o transformar em algo que efectivamente tem valor. E isso JJ tem feito nos três anos que leva de Benfica. É preciso também saber descobrir talento, e ter objectivos bem claros e definidos na prossecução desse talento. E aqui o Benfica ainda parece demasiado disperso. Em particular focando demasiada atenção no ataque - compreensível, por ser onde estará potencialmente a maior criação de valor; mas não podemos descurar o meio-campo, em particular a fase de construção e equilíbrio, em particular num benfica que joga no risco e em alto ritmo.

Parece ter havido a dada altura (na transição da 1.ª para a 2.ª época de JJ) um misto de falta de capacidade da estrutura do futebol do Benfica, deslumbramento com o que foi alcançado na 1.ª época, voluntarismo em querer assumir funções além das competências e na disposição em delegar (tacitamente ou de forma explícita) competências. Parece faltar a esse nível o profissionalismo e o rigor que tem que existir numa estrutura fundamental do clube.

O plantel 2011-12 parece-me um plantel de muita qualidade, potencial e margem de evolução, mas com desequilíbrios em algumas posições.

Focando os desequilíbrios, temos falta de uma verdadeira opção para Maxi e para Witsel. Maxi é porventura o pior desequilíbrio pelo papel que desempenha fazendo todo o corredor, apoiando a defesa e o ataque. Uma opção para Witsel faz-se sentir principalmente nos jogos contra equipas mais fortes o que obriga a uma sobrecarga de jogos, retirando rendimento. Penso que Matic poderia ser uma opção a Witsel, jogando mais adiantado com Javi, mas essa não tem sido a opção de JJ. Acho que Matic é um bom "6" - diferente de Javi, em particular porque tem a capacidade de pressionar mais à frente e tem melhor passe - mas também poderá ser uma opção em alguns jogos para "8". Independentemente disso, parece-me que precisamos de outro "8" para alternar com Witsel. Não o vejo entre os nossos jogadores - plantel actual e mesmo numa lista alargada de jogadores com quem temos contrato (eventualmente Enzo Perez? alguém da formação?).

A terminar esta primeira parte, o ataque. Cardozo, Nélson Oliveira, Rodrigo, Saviola. Parece-me que Saviola foi menos utilizado do que o que poderia ter sido. Nélson Oliveira foi bem gerido, com uma fase de aprendizagem até início de Janeiro e posterior maior utilização na equipa principal. Rodrigo foi bem gerido, tendo provavelmente surpreendido pela rapidez com que se impôs. Cardozo continua a ser essencial no Benfica - como o comprova a maior probabilidade de não conseguirmos a vitória quando não marca. Enquanto quer Cardozo quer Rodrigo estavam a marcar com regularidade, conseguimos as nossas melhores vitórias. Quando ambos deixaram de marcar, caimos. É importante ter um conjunto mais alargado de avançados para haver esta rotação em momentos de baixa de forma de algum. Nestas três épocas temos tido Cardozo sempre regular. Na 1.ª época tivemos Saviola como complemento. Na 2.ª falhou-nos Saviola como complemento e Jara apesar de esforçado não deu para tudo, sobretudo na parte final em que falharam muitas unidades fundamentais. Nesta 3.º época, perdemos Rodrigo como complemento de Cardozo e não conseguimos que nenhum dos outros 2 assumisse esse papel.

É fundamental ter um lote de bons atacantes para uma equipa como o Benfica. E temos.

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